Nada de novo sendo que, para um sábado, não deixa de ser frustrante, embora isto do frustrante acabou por ser a rotina natural de todos os sábados que vivi e ainda acredito viver.
Recordo frequentemente uma história que, pela erosão do tempo perdeu-se o autor e quem ma contou, mesmo assim, a historieta acompanhou-me sempre em modo de memória ativa, talvez por ilustrar algo forte de uma realidade em direto e ao vivo.
A historieta, um homem que vive no sopé de uma encosta, onde cedo teve de agarrar a vida que lhe calhou em sorte.
A meio da sua hipotética vida, percebeu que podia projetar a sua vida como se fossem gomos de uma laranja, fez esta descoberta ao lembrar-se em que parte da encosta iniciou a sua atividade agrícola de sustento.
Sorriu ao perceber um fatídico e progressivo pormenor, sem ter consciência ou premeditação em que assim acontecesse, aconteceu sem a mínima intervenção da sua parte.
Achou engraçada a descoberta e também o engraçado da descoberta percebeu, poder ser entendido como a visão de gomos de uma laranja e por cada gomo tirado ou caído, o tal engraçado ia ficando menos engraçado.
De descoberta em descoberta, uma certa tarde de primavera, apoiado e debruçado no parapeito da janela, olhando a encosta, viiu à sua frente a fórmula que impiedosamente defenia a sua vida, bastava fixar o olhar na encosta, no exato ponto onde fizeram a sua primeira intervenção agrícola de subsistência, com a particularidade de a cada ano seguinte, a sua atividade incidir um pouco mais abaixo na encosta.
Percebe hoje com alguma tristeza, estar a cultivar a poucos metros das paredes da sua casa, de momento, não me considero triste, igualmente ao perceber meus sábados como as contas que esse homem fazia, pela localização da sua atividade agrícola á volta da sua casa.
Talvez noutro dia qualquer também me sinta triste, hoje apenas surpreso por os meus sábados estarem no mesmo sítio da agricultura exercida por aquele homem, ou seja, no que a minha visão alcança desta janela.
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