Desde que poisei os pés na rua, quase toda a gente com que me cruzo faz questão de me lembrar a sexta-feira de hoje, não sou muito dado a estas superstições mas acho isto mórbido, enfim não me vão afetar com cenas destas.
Pior do que o treze da
sexta-feira, é esta gripe danada que entrou com pezinhos de lã e vai-me
mantendo a pão e água, estas moléstias deitam-me mesmo abaixo em dois sentidos.
Por um lado, a ação
corrosiva do viros, não estamos bem em posição alguma que se escolha,
transpiramos, temos frio, temos calor, puxamos a coberta, empurramos a coberta,
sentamos a cama, levantamo-nos, damos uma volta pela cozinha para petiscar
alguma coisa mas temos o estomago enrolado.
Finalmente chega a hora
do pequeno-almoço, forçamos a ingestão de algumas coisas, no meu caso, com
dificuldade e algum sacrifício, umas tostas pequenas, flocos de frutos
vermelhos e não deu para mais.
Depois aparecem as
traições de luva de seda, o bar onde tomamos café antes de pegar no batente a
sério, abrilhanta para o almoço pernil assado no forno, considero isto morbidez
com requintes de sadismo.
Fiz uma experiência
kamikaze, ainda estou à espera do resultado, para combater a acidez insuportável
no estomago, comi uma sopa de creme de cenoura gelada, já lá vão quinze minuto
e ainda não explodi, pelo contrário a acidez abrandou e espero bem que o diabo
seja surdo.
O outro sentido de tudo
isto que omiti lá para cima, é fazer-me lembrar os degredos que passava com o
famigerado paludismo, incomparavelmente muito pior mas também sobrevivi, neste
caso ao protozoário.
Estou mal disposto,
estou azedo e intragável, sem outro assunto.
Atentamente,
LsM
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