Há madrugadas em que este silêncio é
assustador, parece estarmos sozinhos no planeta, depois lá se ouve uma viatura
ao longe, usando a via preferida para circular, a avenida que se estende ao
fundo de uma das sete colinas que forma Lisboa e onde vivo.
O silêncio deste momento é de facto
estranho, estou entre três hospitais muito solicitados, o que por si, explica o
frenesim de sirenes das ambulâncias a que por vezes se junta o ruído arrasador
de helicópteros de suporte médico, quando coincidem todos estes ruídos,
sinto-me como no meio de uma guerra mas chique, a guerra em que estive era de
pobres, as pessoas eram levadas às costas ou empurradas para a valeta afim de
desimpedirem a via.
Acostumado ao reboliço tresloucado da cidade,
devia congratular -me com este estranho silêncio mas não, limito-me a senti-lo
como uma montanha que se abate sobre mim e em modo sádico, permito que me vá
esmagando devagarinho.
Talvez o mundo tenha acabado e se foi, é
algo que não me preocupa, como tal nem vou conferir esta suspeita, deixa
acabar.
Atentamente,
LsM
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