terça-feira, julho 02, 2024

02/07/2024



Fossem as coisas diferentes, poderia ser o que quiséssemos mas vida, não seria certamente.

Assim chegou a vez de Fausto nos deixar, irá deixar um vazio enorme e profundo na área a que se dedicou com uma potencialidade que o tornou um marco da cultura portuguesa.

Enquanto vivo, exigia-se dele que desse o melhor no que melhor sabia fazer, no momento em que nos deixa, descobrimos pormenores patuscos e agradáveis da sua vida.

Nasceu em águas de ninguém, no paquete Pátria tão bem meu conhecido, nas minhas viagens de férias para Angola, o caso dele foi para nascer portanto, não eram férias no seu caso.

Quer dizer, o Fausto não era propriamente apátrida, tinha uma Pátria pequenina e flutuante mas tinha.

Viajei naquele paquete, para lá e para cá, umas quatro vezes, era paquete apenas por ser um pouco maior que uma traineira de pesca e ter camarotes para a malta dormir.

A minha última viagem no cujo foi deveras assustadora, perto do equador, uma tempestade do arco-da-velha, com vagas a passarem-nos por cima, ao ver o camarote onde viajava com água a entrar por todos os lados, achei por bem subir ao convés e colocar uma boia ao pescoço, foi uma experiência aterradora.

E pronto, o Fausto foi embora, deixando-nos mais pobres em vários aspetos.


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