É
apenas um cântico, suave, lindo, parece que vindo do céu, dos Anjos, dá medo
mas não é para ter, é para ouvir, sentar na berma do penhasco, olhar o mar lá
no fundo, vê-lo perder-se no horizonte, olhar a lua cheia, na ilusão de a ver
estremecer ao contacto de tão delicada musica, a ilusão de também ela ficar
azul igual ao mar, tantas ilusões, tantas, diluídas por esse imenso azul de
mar, ilusões estilhaçadas por cada pontinho cintilante do céu, estrelas sempre
iguais, mas não tão iguais como o igual que se sente daqui, não são, porque há
iguais para uma vida e iguais para todas as vidas.
Balançar os pés sobre o precipício,
respirar os salpicos salgados de um amigo comum, recostar na rocha húmida,
sentir o frio ser derrotado com tanto calor dentro de nós, sorrir olhando o
horizonte, sabendo que não há céu para estas coisas, nem terra, nem coisa
alguma dessas com nome, há este lugar que não pertence a lugar e sem nome, um
sitio que nem é secreto nem segredo, apenas é preciso sabe-lo alcançar,
alcançar e ficar, libertar tudo e deixar ir não se sabe para onde e pouco
importa o onde, saber essas coisas, quando a felicidade é maior e melhor que
tudo o que possa existir para ser mostrado ou explicado.
Sem comentários:
Enviar um comentário