MÃE
Olha mãe
Fui tão bom filho teu
Como desta terra minha
Procuro sem te ver
Como o sonho que morreu
E hoje a saber
Não sinto coração
Apenas este peso em cima
Empurrando-me para o chão
O. O. Luanda, 27/02/1996
Tributo a António
Jacinto
Um grito de ave
Estridente
Agudo
Agonizante
E Cristalino
Impressionante
Atravessou o mato virgem
Chegou até mim
Entre cacimbo
Que já não lhe sei
Ou orvalho
Um aviso
Para decifrar
Aviso sem fim
Grito com mensagem
Agora
Decifrar
Aquele grito dilacerante de ave
Do meu mato chegado
Décadas passadas
O grito continuou
Fazendo eco em mim
Porque sou eu
Também já não é grito
Nem canto de ave
É um brado profundo
De revolta
Metade de mim
Contra metade de mim
Contra todos
O.O. 05/08/1991-01:30 – Luanda (à luz da vela)
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