Que raio
Nasci criança
Não pedi nem sei
Podia nascer outra malamba
Uma porcaria qualquer
Mas não
Nasci logo assim
Maldição
Foi mesmo mal
Entre parvos e palermas
Dementes
No meio de guerras
E mais guerras
Fome
Doença
Morte
avulsa
Prostituição institucional
Porra
Cansei
Luanda, 04/08/1988
batucada
Tam – tam – tam – tam
O Batuque
Mãos humanas na cadência
Da pele animal
O som
Saindo do oco
Dum tronco mais velho
Mais jovem que a gente
Grave
Acelerado
Ou pausado e delicado
Tem o Batuque chefe
Que cala a bicharada
Ri o calcinhas sem vergonha
Esconde a carteira da indecência
Com riqueza roubada
Tam – tam – tam – tam
Compasso majestoso
Num tempo sem fim
Sem preços
É nosso
Uma noite de cacimbo em 1989 no Sambizanga.
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