Apertar a cabeça entre as mãos, na vã
tentativa de esmagar todas as questões para as quais não há nem nunca haverá
respostas, gritar no mais profundo do meu silêncio interior, abanando e
estremecendo as entranhas, amedrontando o espírito e afugentando a alma,
questionando o porquê de tantas questões.
Perguntas que se sabe à partida, nunca
virem a ter resposta, interrogações que se vão empurrando e encurralando para o
mais profundo de tudo que conhecemos de nós.
Sentir sim, as mãos feitas em dois
rochedos, tentando esmagar ingloriamente o que permanecerá para sempre nesta
maldita parte do corpo que se julga conhecedora de tudo e com respostas para
tudo, quando afinal, sabe é nada de nada.
A saber, podia resolver pelo menos uma
resposta que fosse e não consegue, deixando que a felicidade se reduza ao facto
do bom funcionamento mecânico, do controlo da vital respiração e outras coisas
que nem a todos é dado vivenciar.
Porque afinal, não somos mais do que isto,
é uma forma de passar o tempo, esta de julgarmos que somos alguém, uma espécie
de brincadeira de crianças em idade avançada, sem qualquer estatuto ou autoridade
para entender o que quer que seja para além do que é básico e alimenta esta
ilusão.
E não há esperança de que algum dia as
coisas sejam diferentes, as mentes apenas se vão adaptando e seguindo o momento
real que lhe é imposto por uma eternidade que determina um rumo desconhecido
mas nada bom.