sexta-feira, outubro 30, 2020

 

Essa maldita pode até ser uma parede, uma barreira final que acumula toda a maldade existente, o muro onde se esbarra para nos obrigar a entender o que na realidade somos, somos nada é verdade mas isto não pode ficar assim, ódio não, isso é por certo o que essa desgraçada esperaria.

 

 

                        Ódio não sinto

                        Ressentimento também

                                \         Mágoas sim

                                           Muitas

                            Alegrias algumas não minto

                            No momento que me deste a mão

                                           Deu para sorrir

                        A cada dia que vem

                        Porém nunca desistir

                        Essa muralha que parece não cair

                                            É ilusão

                                                  Em consciência

                                                           De podridão

                                            E sem ciência

                        Irá explodir

                        Acabará por ruir

                        A estupidez é assim

                        Acaba sempre por se partir

                        Basta ter paciência

             L     22/11/2013 – 03h:00


sexta-feira, outubro 23, 2020

MALDIÇÕES

 

 

Uma solução seria matar a morte, esmagando-a com o mesmo gozo com que ela nos faz mas não é possível, dissimulada, nunca se mostra, raramente aparece quando é desejada, não tem sentimentos, a morte é fria e por isso nos enregela, passa toda a nossa vida de atalaia para dar o golpe no momento mais cobarde, maldita seja.

 

Talvez matando a morte

Do mesmo jeito

Que ela nos faz sofrer

É cobarde

Dissimulada

Nunca se deixa ver

Deixa-nos sempre sem norte

Leva tudo a eito

Não aparece quando a queremos

Em vidas de insuportável sofrer

Sim por vezes é desejada

Da vida não tem noção

A morte é gelada

Sem coração

Amaldiçoada seja

 

L     21/11/2013


sexta-feira, outubro 16, 2020

GALÁXIA PROCURA-SE

 

Ir embora para muito longe, para outra galáxia, é sempre uma possibilidade a ter em conta, teria de haver um céu sem fim que, bem lá nos confins, tivesse um canto para parar e adormecer, não existe céu com tamanha dimensão, por outro lado, mesmo que houvesse de nada adiantaria, qualquer céu é demasiado pequeno para fugirmos de nós.

                 Nunca fugi

        Nem o hei-de fazer

        Mas quero ir

              A correr

        Desaparecer deste mundo

                Imundo

        Para lá deste universo

        Parar num sem fim qualquer

        Num cantinho para descansar

           Sem caminho inverso para aqui

              E por lá

              Voltar a sonhar

        Não conseguimos paz porque se quer

        Nem existe lugar assim distante

           Pode haver mas para mim não

        É tudo demasiado acanhado

        Insignificante

                       Entediante

                     Usado

                            Mas antes que morra

Um desabafo

  Porra

Estou cansado

L     - 11/11/2013

 


sexta-feira, outubro 09, 2020

A Noite

 

A noite é horrível, é a ausência absoluta do meu essencial, carinho, ternura, da voz doce, das histórias descabidas, das risadas, das criancices sem piada alguma mas que provocavam gargalhadas, um mundo que acabou e teima em aparecer sempre que se abrem os olhos, sob o formato de miragem ou alucinação, é o silêncio demolidor a provocar um imenso desespero, é um vazio medonho e insuportável.


Dolorosa inexistência

  Do teu olhar

Das historinhas

     Da inocência

Das gargalhadas incontidas

Nesta maldita memória

Há uma luzita a cintilar

Para lá de todas as nascentes

Fora de toda a ciência

Anunciando um fim atroz e sem clemência

De um futuro sem sementes

E sim

Nascemos para acreditar

Mas acabamos assim

Sem glória

E Talvez dementes

 

                              L      11/11/2013

 


terça-feira, outubro 06, 2020

Insónia.

 

Podia sempre ir embora, ninguém por aqui o iria impedir, algumas vezes fui assolado por este pensamento, acontecia sempre à noite, na dificuldade em adormecer, nas reviravoltas que dava na cama, durante o dia distraia-me com o trabalho ou inventando tarefas extras.

 

O cérebro é meu

A vontade sou eu

                        Não sendo

Não quero viver incapaz

Deus é assunto sem discussão

            Dignidade não é adereço

Nem prenda de cabaz

Não há data para Morrer

          Será o preço de ter

Tudo o que sonhei

Devolve-me ao que sou

E regresso em paz

A nada e com nada

L – 06/10/2020